Hoje percebi o quanto as pessoas vivem, cada vez mais, para
fora de si.
Querem fazer parte de todos os projetos, estão cada vez mais
‘abertos’ à informação, conectados cada vez mais em todos os canais de
notícias, blogs de formadores de opinião, sabem do restaurante mais novo na
cidade, conhecem todas as críticas de todos os filmes que estão passando no
cinema.
Tudo para serem descolados, atuais, informados e antenados.
Uns filmam curta metragem com os amigos e não conseguem ter
tempo para ver seus filmes favoritos.
Outros, se juntar todos os seguidores de todas as redes
sociais/antissociais/profissionais/eróticas/fitness/etc que tem, somam 5
milhões de amigos mas não conseguem companhia para o cinema de domingo a tarde.
Tem aqueles que emitem opiniões muito bem formulados a
respeito do filme/exposição/amostra mas não tem tempo sequer de ligar no
aniversário do amigo e no máximo, manda um Parabéns/Tudo de bom/Beijos por
qualquer rede.
Tudo o que te faz legal/cool/descolado é o que te leva pra fora de
você mesmo.
Tecnologia, quase sempre, é usada para passar o tempo. Tempo
este que, antes era usado para pensar/analisar/tomar decisões/imaginar.
Hoje, pensar é démodê.
Ás vezes, na volta pra casa, fico calada, pensando.
Organizando meus pensamentos. Preciso fazer isso quase todos os dias. Principalmente
em dias que quase esqueci de respirar.
E alguém do meu lado me pergunta: - O que foi? Algum
problema? Está calada.
Não, nenhum problema. Estou só organizando meus pensamentos.
Estando comigo mesma por alguns instantes. Olhando para dentro de mim no único
momento em que não preciso ser legal, sorrir, aprovar as peças, ler artigos de
outras pessoas na internet, ser ansiosa para ser a primeira a dar a notícia do
dia.
Viver para fora de si é não prestar atenção no seu melhor
espaço. Dentro de você mesmo.
Ouvi uma frase esses dias na novela (Eu disse novela? ) que
era: Fiz uma viagem pra dentro de mim mesmo e vi coisas que você nem imagina.
Pensei muito sobre isso e percebi o quanto as pessoas estão
se esquecendo de conviver e viver com elas mesmas, com a nossa melhor companhia
para qualquer programa.
Viver pra fora nos torna cool, bacana, descolado.
Mas viver pra dentro faz descolar de nós a necessidade de
saber do outro. E mais de nós mesmos.
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